top of page

A Tábua (Sonhos de um menino de Cinco anos)

  • Paulo Bossle
  • 17 de out. de 2018
  • 1 min de leitura

Minha cama me protegia de quedas durante o sono. A proteção usual de camas de criança, possibilitava que, sentadinho, com uma rotina extremamente pontual, uma tábua mágica se posicionasse sobre as grades. Não sei como essa tábua surgiu. Sei que munido de um lápis e uma caneta, eu desenhava e “escrevia”todas as noites nela. Como uma tela e um caderno mágicos, os riscos e rabiscos iam descrevendo meu mundo. Um mundo de uma criança de cinco anos. Lembro que olhava para a tábua e via o Sol, a Lua e todas as estrelinhas do céu. Eram frutos de um meticuloso desenho diário. Aprendi a fazer estrelinhas e de forma compulsiva a tábua recebia meus riscos infantis. Olhava para os desenhos e viajava pelo céu. Cada estrelinha era uma vitória. Imaginava que quando a tábua estivesse repleta de estrelinhas eu finalmente poderia contar que tinha o céu inteiro na minha tábua. Perdi minha tábua. Não sei qual o destino dela, mas sei que ela nunca se perdeu de mim. Até hoje desenho estrelas de cinco pontas, sol com muitas pontas e luas minguantes em rascunhos, tentando copiar o céu.


 
 
 

Comments


Destaque
Tags

Um Texto para Mim

  • Facebook B&W
  • Twitter B&W
  • Google+ B&W
bottom of page