Amigos de Infância
- Priscila Pfau
- 9 de jun. de 2016
- 2 min de leitura

Dentre tantos tipos de amigos, há o amigo de infância. Existe algo de diferente no amigo de infância. Algo raro e incomum. Algo de inocente talvez.
Outro dia eu e minha irmã encontramos duas amigas do tempo de criança, também irmãs. Nós fomos a Blumenau, cidade onde passamos toda a infância. Nosso pai mora na mesma casa. Fomos visitá-lo, e lá estavam as duas, em frente ao portão da casa dos pais delas. Elas, assim como nós, também não moram mais naquela rua. Saímos do carro e fomos cumprimentá-las.
Eu não estaria sendo incorreta em dizer que fazia pelo menos 15 anos que não conversávamos. Penso que talvez 20 anos. Saímos do carro, nos cumprimentamos e deste o “oi” até o “tchau” não paramos de conversar. Eram quatro tagarelas falando sobre seus assuntos, resumindo todos os fatos da vida, rindo. Sim, estávamos felizes em nos ver e conversar.
E foi um tal de quem tem filho, quem não tem, quem fez faculdade, quem está trabalhando, quem está no doutorado, quem viajou, quem casou, onde morou, onde está morando, fez uma cirurgia, como está o pai, como está a mãe, como estamos i-gua-lzi-nhas... e como nos conhecemos, coisas engraçadas que fizemos juntas, e a outra vizinha onde anda, e os brinquedos, e as brigas com os meninos!
Existe uma cumplicidade no amigo da infância, algo que não se perde. Depois de tanto tempo, é incrível ter tanto em comum, tanto o que falar e ser assim, tão íntimo. Talvez porque conhecemos a essência de quem somos, sem as marcas que a vida trouxe. Talvez porque conhecíamos tão bem a vida uma da outra naquela época que nada mais natural do que saber o que anda acontecendo agora. Talvez porque a casa do amigo de infância é uma continuação da nossa própria casa. Nada de tocar campainha. Éramos crianças, apenas abríamos o portão e íamos entrando. Os pais traziam um lanche para todos no meio da tarde. Sabíamos quem ficou de castigo e o por quê! Sabíamos quem estava doente. Sabíamos quem tinha piolho. Sabíamos quem estava mal na escola. O amigo de infância é uma espécie de irmão, que não mora na mesma casa, apenas isso!
É possível que eu veja o amigo dos tempos de criança desta forma, também porque mudei bastante de cidade. Então meus amigos de infância, ficaram na infância. Eles não me seguiram por toda a vida. Deve ser bom também ter aquele amigo desde sempre. Brincar na vizinhança, crescer, aprender a dirigir junto, prestar vestibular ao mesmo tempo, sair junto com os namorados, ser madrinha de casamento, ter filhos que vão brincar juntos também. Mas minha vida não foi assim. Tenho os amigos de infância, os da adolescência, os da faculdade, e assim por diante. O que eu queria dizer é que foi um ótimo reencontro. Muito bom tagarelar. E muito bom refletir sobre isso!
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