Quem eu Sou

Eu devo ser para você só mais um condenado, amarrado aos vícios que me corroem. Devo ser outro alucinado, ou ao menos achas que me esforço muito em passar essa imagem.

Já para você, devo ser um fraco, que não enxerga teus sinais. Me olhas por toda a noite, me falas manso e sentas ao meu lado no ônibus, em meio à minha solitária leitura de um romance antigo.

Para você, devo ser mesmo um perdedor. Mas já havia lido em algum lugar que de tanto pensarem, formam-se os perdedores. Vencedores estão muito preocupados decorando nomes de carros e gastando seu dinheiro. Perdedores pensam e perdem-se em sua angústia ao se descobrir em meio à podridão mundana.

Para você, sou um imbecil. Tanto ouvistes meus defeitos e erros passados. As notícias correm, mentiras tornam-se verdades e nem ao menos viestes me conhecer para tirar conclusões.

Assim observo, em meio à minha ansiedade. O céu era escuro, o vento gelado rasgava como faca meu camisão surrado. Acendo um cigarro, me sento no meio fio, imagino todos estes olhares. A solidão então me chama e à ela vou de encontro, crio cenas na minha mente, expectativas e julgamentos. E ela me acompanha, mesmo aos montes de pessoas e risadas altas. Para vocês, queria realmente que soubessem quem sou e me contassem depois...