A Vingança da Amendoeira de Praia
- Paulo Bossle
- 1 de jun. de 2016
- 1 min de leitura
Tenho uma pequena e sombria fama - inconsistente, diga-se de passagem-,de não gostar de árvores. Será por preferir um ambiente com pequenas árvores frutíferas com poucas folhas caídas ao chão? Se tem uma árvore que não gosto é amendoeira de praia. É uma árvore chata, sem utilidade, que insiste em macular as calçadas com suas folhas e bagas. Entope bueiro, suja a grama,etc. Não tive dúvidas! Enquanto olhavam para o lado, mandei cortar duas árvores com raiz e tudo, que insistiam em sujar minha calçada e minha linda grama. Escutei um monte por meses. Acho que a fama vem daí. Acho!! Anos se passaram! Costumo ir ao banco passando por uma calçada repleta dessas árvores. Sempre passo por elas e penso na sua inutilidade, acrescida do fato de obstruir a passagem de pedestres e cadeirantes. Outro dia, quando estava vindo do banco, pude sentir o peso da revolta e da vingança habilmente preparada pela amendoeira da praia ao longo de vários anos. Sua raiz foi levantando a calçada silenciosamente e, num golpe certeiro me fez tropeçar, deixando-me de quatro e com sangue nas mãos e joelhos. Não me lembro de ter me levantado tão rápido e sem olhar para os lados em toda a minha vida. Só escutei, humilhado, um ÔÔÔP vindo do outro lado da rua. Não sei quem foi, mas acho que foi outra árvore rindo de mim!

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