O Homem de Branco
- Priscila Pfau
- 25 de fev. de 2016
- 2 min de leitura

Estava na praia com meu filho de 3 anos. Fazíamos uma “piscininha”, castelinho de areia, buraco. Indo pular ondinhas e voltando correndo. Coisas que a gente faz com criança.
Ao longe vi um homem caminhando, assim como tantas outras pessoas. Mas ele me chamou atenção. Dava para ver que era alto, se destacava dos demais. Usava um chapéu branco, camisa branca com mangas dobradas, calça dobrada na altura do tornozelo, também branca e óculos de sol. Claro, ele só podia ser estrangeiro. Pensei que talvez fosse americano, ou inglês, quem sabe alemão.
E lá estava eu, sentada dentro do buraco que cavamos fazendo as torres do castelo. Meu filho estava fazendo “torres” na minha perna. - Não pode sujar a mamãe! Isso é proibido!!!! – eu brincava e ele saia correndo. Uma espécie de “finjo que falo sério e ele finge que acredita”. Meu filho ia correr novamente em direção ao mar, mas queria que antes eu falasse “um, dois e já!”. Neste momento, o tal homem todo de branco chegou onde estávamos. Tinha um sorriso largo e seus óculos eram espelhados. As roupas, de fato eram brancas, pareciam de linho, largas. Era robusto e alto. Caminhava com firmeza. Aparentava algo entre setenta ou oitenta anos. Ele parou de caminhar e junto comigo falou “já!!!!!”. Meu filho foi correndo em direção as ondas. O sujeito me olhou, sorrindo e disse: “Aproveita, passa muito rápido!” E continuou caminhando. Ele falava em bom e claro português, era brasileiro! Me enganei.
Corremos atrás dos peixinhos, que estavam aos cardumes, já nas primeiras ondas. Corri cheia de areia junto com meu filho, prá lá e prá cá. Ele ria, falava sem parar o que devíamos fazer, corria e dava aqueles gritinhos que só as crianças sabem fazer.
Tempo depois, lá voltou o homem de branco. Reparei que ele andava sorrindo, passava pelas pessoas e sorria. Era um sorriso verdadeiro, espontâneo, limpo. Passou por nós e deu um sorriso ainda mais aberto para o meu filho, então me olhou e repetiu: - Aproveita, passa muito rápido!
Não falei uma única palavra para ele. Nem sei bem ao certo porque ele me marcou tanto assim. Mas tenho certeza que sorri para ele também.
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