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Partidas (Reflexão)

  • Paulo Bossle
  • 17 de ago. de 2015
  • 1 min de leitura

O tempo já deveria ter me ensinado a suportar as partidas que sempre me rondam. As primeiras partidas há muito tempo foram esquecidas e nem por isso, menos dolorosas. A princípio não entendia. Simplesmente chorava ou ficava com raiva. Custava a acreditar que tinha acontecido. Ia crescendo e as partidas se sucediam, em espaços maiores ou menores. Era difícil precisar, pois quando vinham, ou iam, parecia que ressuscitavam as partidas anteriores. O tempo sempre nos prega peças. Ora é doce como um beijo em uma criança, outras vezes é cruel como a visão de esqueletos retorcidos. Mas ele, o tempo, sabe o seu tempo. As partidas de agora são mais dolorosas, pois o choro fica contido,sufocando e matando lentamente minhas melhores lembranças. Outras partidas de agora são mais suaves, porém me deixam por muito tempo remoendo um passado que às vezes nem existiu. Sofro mais por aquilo que poderia ter sido. Acho que minha visão do mundo que amo é repleto de partidas. Anseio sem muita convicção pelas boas coisas que chegam até mim em sopros de felicidade, mas numa morbidez escondida em meus pensamentos, choro antecipadamente pela partida que certamente virá. Com o tempo me pressionando, cada vez mais vejo menos partidas, pois prefiro, em um comportamento infame, não permitir que a chegada da felicidade apareça com freqüência.


 
 
 

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