Belgrado

Entre as mil funções de uma pessoa ocupada qualquer, arranjei tempo para comprar a passagem, reservar a estadia e ver a previsão do tempo para saber que roupas levar.

Cheguei aqui em uma viagem a trabalho sem saber absolutamente nada deste lugar. E só no momento em que coloquei meus pés nesta terra balcânica, me envergonhei da minha ignorância.

Sou formada em História, mas pouco aprendi sobre este lugar. Só sabia que a Sérvia fazia parte daquela parte confusa da Europa, que vivia no meio de guerras.

E é verdade. Eu só não sabia o que isso significava. E nem sei direito ainda.

Como que um lugar dominado por romanos, bárbaros, turcos, com milhares de anos de história mostra na sua arquitetura mais antiga prédios do século XIX e XX? Tantos povos passaram por aqui, mas nada se vê direito... É porque tudo foi destruído tantas vezes. E reconstruído tantas outras. São centenas de anos de construção, destruição e reconstrução.

Como pode um país tão cheio de cicatrizes seculares ser tão lindo? Mesmo a feiura é linda porque a cicatriz mostra a história difícil de um lugar.

Mas o mais lindo são as pessoas. São elegantes, altivas e alegras. Sorriem e são educadas. Tem estilo no vestir, no andar. Produzem sua arte única. Mantém uma língua e um alfabeto uma vez proibido. Vivem invernos e verões rigorosos. Dão gargalhadas. Se beijam nas praças. Parecem felizes.

E eu andando, observando, pensando. Com exceção do calor que derrete a alma nesse final de primavera, é tudo tão diferente. Eles se comparam aos russos, turcos, croatas, húngaros, búlgaros, checos e romenos. Por diversas razões os amam e os detestam. Tudo isso também me diz tão pouco. Pouco falam da Espanha e Portugal. A América do Sul parece-lhes surreal às vezes. Como eles eram pra mim.

Deve ser fácil ser inglês, francês, belga, holandês, dinamarquês, suíço. Eu nunca vi tanta cicatriz em um só lugar. E nunca vi tanta vontade de recomeçar junto a capacidade de sorrir! Estou profundamente admirada e honrada de ter conhecido este lugar!