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PIC-NIC

  • Paulo César Cabral Bossle
  • 21 de mai. de 2015
  • 2 min de leitura

Assistindo o noticiário do meio-dia, uma entrevista chamou-me a atenção. O repórter entrevistava alguns padres que estavam promovendo uma festa cujo mote era a família . Os argumentos dos padres era a de promover um enorme piquenique entre famílias, uma vez que as redes sociais estão prejudicando o calor humano. Será? Fiquei a pensar sobre o assunto e, pronto, lá fui eu para 1962. Aliás, como estou viajando!!!! 1962 foi o ano que entrei para a escola. Minha professora, uma senhora de rosto sorridente e olhos brilhantes, chamava-se Dona Valquíria. Devo á ela minha alfabetização e o primeiro prêmio escolar em leitura. O prêmio foi um elogio. A escola de Dona Valquíria ( agora que escrevo, penso no significado de seu nome, uma guerreira, longe de ser virgem, mas uma guerreira),era uma escolinha particular, que abrigava alguns poucos alunos no porão de sua residência. Em um pequeno quintal fazíamos nosso recreio. Agora que falo, lembro de Viviane, uma menina linda, de cabelos encaracolados e milhares de sardas, que acredito tenha sido a primeira menina que olhei com olhos de admiração. E viva a divagação!!!!! Pois bem, certa ocasião, ao chegar na escola, fomos levados por nossa professora para um pic-nic (escrevo assim, pois era em 1962), que havia sido comunicado na véspera. Por algum motivo, essa informação passou por mim e não foi absorvida. Talvez eu não soubesse o que era pic-nic e tampouco piquenique . Enfim, passei um dia extremamente maravilhoso no pic-nic sem nada na lancheira que lembrasse o evento. Nem um suco e nem uma maça. Como eu gostava de maça. Era um produto raro. Quando voltamos, os avisos de praxe foram novamente passados e juro, mas juro por tudo o que é mais sagrado, que escutei Dona Valquíria dizer que “...outro dia vamos voltar e repetir o passeio.” Foi o que me bastou para ficar perturbando minha mãe durante horas para o novo pic-nic no dia seguinte. Minha mãe saiu a comprar o lanche tão almejado. Olhava para minha lancheira com um Crush e agora com a bendita maça, na expectativa do dia seguinte. Acordei, provavelmente mais cedo do que o costume e fui para a escola. Fui o primeiro a chegar. Sentei no meio-fio em frente a casa de Dona Valquíria e fiquei a esperar os outros alunos chegarem. Como não tinha relógio, não tinha noção do tempo, mas reparei que meus colegas estavam demorando muito. Passou um pouco mais e escutei um barulho da janela abrindo. Era Dona Valquíria olhando para mim e perguntando: O que estás fazendo aqui? Hoje não tem aula, é sábado! Respondi que estava aguardando para ir ao pic-nic! Minha professora então, delicadamente, esclareceu meu equívoco, acrescentando as palavras iniciais mal compreendidas que foram: “ qualquer outro dia vamos voltar e repetir o passeio.” Pensem na minha cara de decepção! Esperei mais um pouco, sem saber o que fazer com o lanche arduamente conquistado e com medo da bronca da minha mãe. Comecei a comer a maça e tomar o Crush e fui para casa! Do resto não me lembro! Sou ruim de memória!

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