Felicidade

Convido você a imaginar a cena que vi hoje pela manhã. Eu caminhava pela praia, e já de longe me chamou atenção um casal. Eles estavam no mar, no raso, com as ondas batendo na altura das coxas. Eles estavam se divertindo. Ele a pegava no colo e a jogava no mar. Ela ria. Eles se abraçavam, se agarravam, se beijavam. Loucamente. Chegando mais perto pude ver ainda melhor. Era uma paixão carnal. Eles não conseguiam se largar. Ela loira, ele moreno. Chegou um momento que ele não se conteve e a agarrou pela bunda, sim... encheu as duas mãos com as nádegas dela. E ela ria, virou a cabeça para trás de tanta felicidade. E ele mordia o pescoço dela, beijavam-se ardentemente. Era com desejo e sofreguidão. Uma loucura. Eu não sou de ficar olhando assim para um mesmo ponto, mas não havia como não olhar. Eles estavam em um mundo só deles, pouco se importando com quem estava ali. Passei por eles, continuei andando. Sorrindo. Agora, há um detalhe nesta história que ainda não contei. O casal em questão, deveria ter entre 60 e 70 anos. Ambos eram gordinhos. Ela mais, ele menos. Havia flacidez, barriga, gordurinhas. Bom, a história já deve ter ficado diferente do que a sua imaginação pensou. Aquele momento deles me fez pensar na a reação das pessoas. Tem gente que acharia que eles passaram da idade de fazer uma cena dessas. Há quem ache bonito, talvez por ser raro. Fiquei imaginando se eles fossem jovens e no padrão de beleza que talvez a sua mente criou... seria mais aceitável? Mesmo assim, imagino que as pessoas achariam os jovens exibicionistas. Despertaria inveja? Seria um atentado ao pudor? A moral? Não sei. Eu particularmente adoro demonstrações de amor e achei a cena linda. Adorei. Isso me fez pensar em como já ouvi rótulos em relação ao amor: “adolescente não sabe o que é amor” ou “eles já passaram da idade de amar, agora basta ser companheiro”. Será que as pessoas acham que só é possível encontrar um amor entre 20 e 40 anos de idade? Estas convenções me fazem até rir. Pensei em mil histórias sobre este casal e sobre aquele desejo e paixão que eles protagonizaram ali. Fiquei tão curiosa que pensei que na volta da minha caminhada eu poderia parar e perguntar alguma coisa, dependendo dos ânimos deles, claro. Mas na volta eles não estavam mais lá. Acredito que eles tinham muito mais o que fazer!