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Transparências

  • Paulo Cesar Cabral Bossle
  • 20 de abr. de 2015
  • 1 min de leitura

Desde criança, tinha mania de acumular coisas. Acumulava tudo!

Imaginava ficar rico com tantos tesouros!

Fazia coleção de selo, de bolinha de vidro, de tampinhas de garrafa, de carteiras vazias de cigarro, figurinhas, etc.

Lembro que vivia olhando para o chão procurando as tampinhas de garrafa. Eu buscava nas tampinhas os desenhos de seu interior. As fábricas artesanais de cachaças utilizavam latões de azeite e outros materiais como matéria-prima para as tampinhas. Elas tinham uma máquina que moldavam as tampas que lacravam as cachaças horrorosas...!

Com o passar dos anos, minha atenção voltou-se para outras coisas como discos, livros, etc.

Tinha uma coisa em especial que eu gostava.De juntar gente! Sim, isso mesmo! Juntar gente!

Olhava um mendigo..pronto..lá eu ia saber dele, quem era, o que fazia..! Colocava em hotéis simples, dava-lhes um dinheiro, roupas. Coisas assim!

Às vezes enfrentava a fúria de minha mãe e os levava para casa.

Olhava para essas pessoas com carinho, zelo, preocupação.

Os anos foram passando e fui perdendo essas manias. Novos hábitos foram surgindo.

Agora, quando me deparo com um mendigo, meu olhar envergonhado atravessa seu corpo transparente e olha o vazio !

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