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Formatura

  • Paulo Cesar Cabral Bossle
  • 20 de abr. de 2015
  • 2 min de leitura

Nunca fui alto. Nunca serei alto. Lamento não ter sido mais alto. Esse drama comecei a perceber no momento que entrei para a escola. Sempre ficava atrás de todos. Vez ou outra tinha um infeliz mais baixo do que eu. Meu peito estufava e eu me enchia de orgulho. Afinal, não era o menino mais baixo da escola. Se eu disser que já superei isso, posso considerar quase verdade. Mas, toda fraqueza em algum momento, mostra seu ponto forte. Em Rio do Sul, fui estudar em um Colégio Evangélico muito conceituado. O melhor da cidade. Eu fazia parte de um pacote que meu pai fechou para matricular meus outros três irmãos. Como era bom aluno e, como diria o Nelsinho Pereira, também era bom de bola, logo me destaquei. Acho que era para provar que baixinho também era gente. Esse colégio tinha uma disciplina rígida no tocante à entrada em sala de aula. Os alunos eram perfilados por turmas e os mais baixos, ao contrário de minhas experiências anteriores, eram colocados na frente. O Hino Nacional era tocado, a direção lia as recomendações e os alertas disciplinares, etc. Assim que as falas eram encerradas, as séries mais avançadas iam, em ordem, deslocando-se para suas salas, até a última turma. Antes da minha, uma turma da mesma série deslocava-se primeiro. A princípio era um pouco chato, mas me acostumei. Nos dois primeiros meses, minha preocupação era a de ficar “em forma” direitinho, até que minha sensibilidade despertou para um sorriso que insistentemente era dirigido para minha turma. Fiquei curioso e comecei a prestar atenção no sorriso e sua direção. Passado alguns meses, o sorriso continuava e – os meninos são muito burros-, me dei conta que o sorriso era para mim. O que aconteceu depois é outra história, mas digo, ela era a menina mais linda de todo o colégio e seu sorriso era só meu.

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