Fui ver 50 Tons de Cinza
- Bonifácio de Souza e Silva
- 26 de mar. de 2015
- 3 min de leitura

Fui ver o 50 Tons de Cinza. Isso mesmo! Quebrei o protocolo masculino e fui assistir o tão afamado filme sozinho, apesar de que, vale lembrar que eu tinha apenas duas opções. Eu iria sozinho ou optava por ir sozinho, logo, como eu me valorizo e não gosto de me colocar em segundo plano, escolhi a primeira. Estava decidido a não ir, mas acabei mudando de ideia por dois motivos: um pelo fato de uma amiga me fazer enxergar que se tratava de um romance e outro porque romances e dramas me deixam avidamente curioso. Quando me questionam o porquê de eu gostar de tanto “sofrimento”, eu sempre respondo que esses dois tipos de filmes vão vagarosamente lapidando-me, e, cada vez que assisto um, sempre acabo aprendendo algo que me permite replicar nessa vida mundana.
Bom, minha intenção não é falar como foi o filme, estragar a surpresa daqueles que ainda irão ver o tal e tampouco fazer críticas, pois, sei muito bem que não possuo propriedade para isso.
Em síntese, eu dividiria o filme em três partes. Uma que eu associaria à palavra “belo” pelo simples fato do filme delinear muito bem o papel do homem no sentido de como realmente devemos ser. A cortesia à mostra pelo simples levantar de uma cadeira e levar um lápis que estava além do alcance, estender o braço para ajudar a pessoa numa queda e perguntar seriamente se está tudo bem, o lenço, que, inesperadamente aparece para auxiliá-la num momento de constrangimento e diversos outros momentos bonitos do filme que realmente ajudam a lapidar esse diamante bruto que nós homens carregamos no âmago.
A segunda parte, assimilo a palavra “covardia” pelo motivo de que algumas atitudes vão bruscamente contra a tudo aquilo que aprendi com a minha mãe, nas escolas e com qualquer pessoa que tive contato. Entendo muito bem que brutalidade se mistura com amor assim com água e óleo e sempre tento passar isso àqueles que me seguem. Ligo à palavra covardia porque tive 50 vontades de dar uns socos naquele imbecil. Assimilo à covardia porque a vida lhe trouxe um presente quase que único e o desembrulho dele poderia ser com um suave desembaraço da fita que o envolve, com cautela ao abrir o embrulho, com apreciação ao observar a beleza e, acima de tudo, nada poderia permitir que fosse possível deixar que esse presente ficasse sozinho em um quarto frio, à noite. Simplesmente muito covarde!
A terceira e última, faço sinônimo ao “romance”. Ah, o romance! Esse sim foi belo e maravilhoso! Muitos seres másculos irão dizer: - “Poxa! Com uma mulher dessas, até eu”! Porém, eu discordo completamente. Desculpem-me os homens de plantão. A beleza da atriz é a mesma beleza oculta do começo ao fim, só que, quando estamos compenetrados com os atores, sentimos que a beleza vai crescendo ainda mais, muito além da produção cinematográfica. E, por falar neles, acho que não poderiam escolher outros para a representação. Eles estão espetaculares no papel. Associo ao romance também pela razão de que a conexão entre duas pessoas se dá pelos olhares. É incrível como os atores passam isso muito bem. Quando eles se olham no decorrer das cenas, não precisa de legendas. Entendemos tudo!
Fui assistir sim, mesmo ferido pelo meu preconceito que me espetava a cada minuto que passava lá naquela fila do ingresso. Fui assistir porque um romance sempre vale a pena. Fui assistir e convido todos os homens a assistir mesmo que sejasob pressão de suas parceiras ou simplesmente em busca da lapidação. Fui assistir, apesar de que aqueles cinco minutos de fila me pareceram horas, eu estava ali, de ombros caídos e orgulho quebrado.
Texto escrito dia 22/02/2015
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